José Aurélio, 25 de abril, 1974. Fotografia de Eduardo Sousa Ribeiro.
COLÓQUIOS
Dia 1 – Give me a Revolution
27 de junho, quinta-feira
14h–17h30
Dia 2 - More than flowers
28 de junho, sexta-feira
14h–17h30
Dia 3 – Radical Entanglements
29 de junho, sábado
10h30–13h30
COLÓQUIO — 3 dias presencial: 120 € (100 € para membros PIN, 80€ estudantes e online); 1 dia (opção presencial apenas): 40€
Dia 1 – Give me a Revolution
27 de junho de 2024, 14h-17h30
Hear Me Now!: American Political Jewelry 1965-1980
Cindi Strauss (EUA)
Curadora, Museu de Belas Artes, Houston; Autora “Flux. American Jewelry and the Counterculture”
Losers’ craft: amateurism as political gesture in Spain
Mònica Gaspar (ES)
Curadora, escritora, pesquisadora e professora da Escola de Design, Cinema e Arte de Lucerna.
Por razões históricas há termos que adquirem reputação duvidosa e Artesania, “artesanato” em espanhol, é um deles. Durante a ditadura de Franco (1939 – 1975) a produção de artesanato tradicional foi promovida nas zonas rurais, como incentivo financeiro para evitar que a população se deslocasse para as cidades e, consequentemente, afastá-la da modernização social e industrial. Os objetos do artesanato vernáculo eram tão bonitos quanto perturbadores lembretes físicos de opressão. Essa mesma cultura material manifestada através de objectos utilitários e da arquitectura já tinha fascinado os primeiros modernistas, que encontraram naquela simplicidade radical mediterrânica a inspiração para uma revolução formal contra os estilos académicos. Esta palestra irá acompanhar a mudança na instrumentalização do artesanato, tanto pelo regime fascista como por posições críticas do regime no design. Desde a democratização do país em meados da década de 1970 até hoje, persistem percepções contraditórias em torno da função política do artesanato. A segunda parte da palestra concentrar-se-á no legado do “arte dos perdedores”, isto é, nas práticas anti-regime que emergiram daquele período histórico de derrota social. A última parte da palestra irá sugerir que uma estética amadora no design e na joalharia contemporânea transformou os gestos originais de militância, resistência e protesto em propostas políticas baseadas nos princípios da crítica, cuidado e reparação.
Applying the self
Vivi Touloumidi (GR)
Artista contextual, pesquisadora e artesã. A sua prática está inserida na investigação artística nas intersecções da arte, do ativismo cultural e das disciplinas artesanais. Uma atividade principal que investiga a arte vestível e portátil como meio de agência para transmitir mensagens sociopolíticas, evocar discursos e posicionar um corpo na esfera pública.
Dia 2 - More than flowers
28 de junho de 2024, 14h-17h30
The power of gold adornments
Rosa Maria Mota (PT)
Rosa Maria Mota é doutorada em Estudos do Património, pela Universidade Católica Portuguesa – Escola das Artes (Magna cum Laude, 2013), sob o tema Joalharia Tradicional em Ouro no Norte de Portugal. O tema do seu trabalho está relacionado com o estudo e divulgação da joalharia tradicional em ouro vista sob uma perspetiva artística, económica, social e religiosa.
Carrying Images: Figures of Power between Support and Subversion
Toon Leën (BE)
Candidato a doutoramento, Hasselt University e PXL-MAD School of Arts, Hasselt Toon Leën (www.toonleen.com) estudou pintura em Sint Lucas Antuérpia. O seu trabalho transita entre pintura, vídeo e palestras. Projetos recentes incluem a palestra-performance Personally, I’m Most Interested in the Shapes and Colours e um livro de artista de mesmo nome (publicado pela MER. Paper Kunsthalle em 2015); a palestra-concerto Correspondances mystérieuses, em colaboração com o pianista Lucas Blondeel (2019–21); o pequeno vídeo Zwischen den Bildern (2020) e inúmeras palestras. O seu trabalho é representado pela Fred&Ferry Gallery em Antuérpia. Atualmente, é doutorando em pesquisa artística na Universidade de Hasselt e na PXL-MAD School of Arts, Hasselt, Bélgica.
At Dawn, Carnations are Incorruptible Jewels
Dionea Rocha Watt (BR)
Artista e escritora. Doutorada no Royal College of Art (Estudos Críticos e Históricos). Nasceu no Rio de Janeiro e morou em Inglaterra desde 1994. Possui mestrado pelo Royal College of Art (Ourivesaria, Metalurgia e Joalharia, 2009), com formação em design, joalharia contemporânea e tradução. A sua investigação de doutoramento examina a relação entre perda e prática artística, e como isso se reflete no envolvimento íntimo da artista com materiais e processos.
Dia 3 – Radical Entanglements
29 de junho de 2024, 10h30-13h30
Toxic Inheritances
Clementine Edwards (AUS)
Clementine Edwards é artista de Naarm Melbourne, radicada em Rotterdam, cuja prática é liderada pela escultura e pela escrita. A prática de Clementine orienta-se em torno do parentesco material, que pensa o material além da extração e o parentesco além da família nuclear. É o tema do livro The Material Kinship Reader, coeditado com Kris Dittel. Detalhe, escala e habilidade são parte integrante do trabalho de Clementine. Reservando espaço para o encantamento e suas implicações, traz para a conversa a possibilidade do castelo dos sonhos brilhante e o conhecimento profundo de que a história da Disney não pode existir sem as condições de trabalho, género e terra que a produziram. Clementine produziu coletivamente o Código de Justiça Climática em 2023 e em 2022 foi pesquisadora na Rietveld Academy no departamento de Joalharia – Linking Bodies. Tem experiência em publicação e ourivesaria.
A Fracture Network
Patrícia Domingues (PT)
Patricia Domingues obteve um mestrado em artes pela Universidade de Trier, Departamento de Design de Pedras Preciosas e Joalharia em Idar-Oberstein, Alemanha, em 2013, e um doutoramento em Artes Visuais pela Universidade de Hasselt e PXL-MAD School of Arts em 2022. Desde 2009, participou de exposições coletivas e individuais em toda a Europa e em outros lugares. O seu trabalho recebeu vários prémios: New Traditional Jewellery em Amesterdão (2012), Talente Award em Munique (2014), Mari Funaki Award for Emerging Artist na Austrália (2014) e Young Talent Prize do European World Crafts Council na Bélgica (2015). Atualmente, Domingues é pesquisadora no Jewellery-Linking Bodies Department, Gerrit Rietveld Academie, onde investiga como a inteligência artificial, os mundos do metaverso e as estruturas digitais moldam a forma como os humanos pensam, ao mesmo tempo que remodelam drasticamente a forma como as paisagens são tratadas. O foco principal de sua pesquisa envolve explorar a forma como a tecnologia vive através do extrativismo, dependente de fontes minerais e geológicas.
Radical facilitation: a discussion
Ben Lignel (FR)
Ben Lignel é um designer de joias apaixonado pelo trabalho coletivo e por pensar o artesanato de maneira ampla. Ele acredita em “iniciativas impulsionadas pelas pessoas” e vê o seu trabalho na intersecção de “muitas contradições não resolvidas” que juntas constituem a sua paleta existencial. Como educador e defensor do artesanato, ele é movido por uma ética de cuidado, inclusão e empoderamento, por um lado, e por análises críticas das relações sociais e da distribuição de poder, por outro. Ele vê seu trabalho situado num lugar entre o trabalho criativo e o analítico, que estão sempre em diálogo e não estão separados um do outro. Se lhe fosse dada a oportunidade, o seu sonho seria estabelecer uma universidade gratuita para o artesanato, a culinária e a justiça social em Montreuil, a cidade suburbana de França onde reside e que tem uma longa tradição de autoconsciência e ativismo político.